Como a cultura da objetificação feminina nasceu?

A objetificação feminina desumaniza a mulher, fazendo dela um objeto de prazer, e a obrigando a assumir papéis de submissão ao olhar masculino. Quando observamos a evolução feminina ao longo da história, são incontestáveis as diversas conquistas e avanços sociais. Entretanto, a visão machista presente na sociedade ainda mantém insignificante um ponto crucial: a objetificação feminina. 

Um assunto que se faz passar como corriqueiro, tão comum que muitas pessoas nem conseguem perceber quando acontece. 

O termo objetificação foi criado no início da década de 70. Ele descreve o ato de analisar uma pessoa como se fosse um objeto, sem levar em conta o lado emocional e o psicológico desse indivíduo. No dicionário, a palavra objetificação é definida como “Processo que atribui ao ser humano a natureza de um objeto material, tratando-o como um objeto ou coisa; coisificação”. 

É perceber o outro como um objeto passivo, exclusivamente para receber ações de terceiros. É ter sua aparência vista como mais importante do que outras características. 

O que é objetificação feminina?

Já o conceito de objetificação da figura feminina foi citado pela primeira vez pela crítica de cinema Laura Mulvey. Ela constatou que era uma prática muito frequente que as histórias, tanto no cinema, teatro, como no mundo em geral, fossem retratadas do ponto de vista masculino. Dessa forma, entendendo como público-alvo dessas artes o homem heterossexual, tornou-se comum a apresentação de mulheres com poucas roupas e olhar erótico nas mais variadas mídias. 

O objetivo é oferecer prazer ao público masculino, e para isso tornam as mulheres desumanizadas, objetificadas, assumindo papéis de submissão ao olhar masculino. Chegando ao século XXI, as coisas não mudaram muito. Um estudo, realizado pela doutora em Ciências Públicas Caroline Heldman, demonstra que 96% das imagens relacionadas à objetificação sexual são de mulheres. Ou seja, embora hoje já existam casos de objetificação corporal e sexual de homens, o domínio ainda é sobre a objetificação da figura feminina. 

Quais são as consequências da objetificação feminina?

A objetificação da mulher tem diversas consequências prejudiciais. A estereotipação feminina e a padronização estética, muitas vezes inalcançável, são apenas algumas delas. As mulheres são julgadas pela aparência, sendo consideradas boas ou ruins, certas ou erradas, de acordo com esse padrão. Aquelas que não alcançam são depreciadas e hostilizadas por causa, exclusivamente, do seu peso, altura, tipo de cabelo, formato de corpo ou outros atributos. A mulher é desqualificada, independente da sua capacidade intelectual.

A cultura do estupro é outro problema relacionado à objetificação feminina. Com a percepção de que as mulheres são meros objetos de prazer, muitos homens entendem que podem violar o corpo feminino, praticando abusos e violência com elas. A ligação entre a objetificação feminina e os padrões sociais se mostra relevante quando a justificativa para a prática de um ato de violência contra uma mulher se dá pelas roupas que a vítima utilizava ou por comportamentos anteriores que foram considerados inadequados. 

Auto-objetificação feminina: A cobrança do padrão europeu

Mais uma consequência danosa às mulheres é a auto-objetificação feminina. Aquelas que vivem em ambientes em que a objetificação é muito presente tendem a se auto-objetificar e também a fazer o mesmo com outras mulheres. E os danos à autoestima são enormes. 

O padrão de beleza europeu é o ideal mais buscado. Corpos magros, seios fartos, pernas torneadas, cabelos compridos e com mechas claras. Um padrão inatingível para muitas mulheres. Com a percepção de que precisam alcançar um padrão corporal que satisfaça os homens, as mulheres cometem loucuras que prejudicam a saúde e colocam em risco suas próprias vidas. 

A auto-objetificação feminina faz com que as mulheres não se percebam como indivíduos. As necessidades e as opiniões dos outros passam a ser mais importantes do que as dela mesma. 

Quebrando padrões: Passos simples para não objetificar

Com tamanha inserção na sociedade, ainda é um desafio quebrar esses padrões e não participar (ou aceitar) a objetificação feminina. 

Veja o que pode ser feito:

  • Identificar a objetificação da mulher

É importante que as pessoas ajam logo quando uma situação de objetificação seja percebida. Alerte os envolvidos, tanto os agressores quanto as vítimas. A ideia é conscientizar, então procure usar um tom educado e informativo. 

  • Conscientização da população

Quanto mais pessoas tomarem consciência sobre o problema, mais rápido teremos mudanças na sociedade. Crianças devem crescer com essa consciência de respeito ao outro. 

  • Ativismo

Procure movimentos sociais e se engaje com o problema. Em grupos feministas é comum a discussão e divulgação de problemas relacionados a violências e desrespeitos cometidos contra mulheres. 

Combater a objetificação feminina, e todos os problemas causados por ela, é um dever da sociedade. Mas necessita de um esforço conjunto de todos que já se conscientizaram que o problema existe e está presente na maioria dos lugares e situações.

Escrito por: Linus - https://uselinus.com.br/blogs/li-na-linus


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