Individualidade e Ego .
QUANDO O SOM DA GOTEIRA SE TORNA SINFONIA
A individualidade alimenta as relações (sabendo o meu valor, valorizo o outro).
O ego nos atrapalha , se não me encontro, a individualidade do outro me ameaça, a própria noção de felicidade me incomoda, eu me cobro por meus desencontros e tendo a desvalorizar a história e as conquistas do outro, em perversa projeção.
Quando individualidades se encontram, não é preciso datação para celebrar a vida , happy hour, feriado etc, pois além de tudo ser celebração, inclusive dores e lutos, todo momento é único. Então a dança ocorre, o toque acontece, não apenas no corpo, mas também na alma, tudo é pleno e o som da goteira se torna sinfonia. É a magia das relações (interpessoais, profissionais etc.).
A espontaneidade flui, sem passos marcados.
O ego deseja e não alcança a felicidade. A individualidade nutre a felicidade, que sempre esteve ali, disponível, e a amplifica sem limites.
O ego racionaliza. A individualidade goza.
O ego retém ou minimiza o prazer. A individualidade jorra.
O ego, quando não é seco, afoga, é água parada. A individualidade é água corrente.
O ego é solitário. O eu é solitude por natureza e, ao mesmo tempo, solidário, de mãos dadas, de abraço fácil.
O ego é complicado (dobrado para dentro). O eu é complexo (aberto para fora), único, mistério que se revela sem se esgotar.
Ademir Barbosa Júnior (Dermes) é terapeuta holístico e escritor. Mestre em Literatura Brasileira pela USP, é também Doutor Honoris Causa pelo MCNG-IEG (2018) e pela FEBACLA (2019), membro da Academia Independente de Letras e sacerdote umbandista.