Antes de Eu Morrer (Before I die)

Antes de Eu Morrer (Before I die)

 

Nazaré Jacobucci 

 

 “Antes de eu morrer, eu quero organizar minha festa fúnebre. (Before I die I want to organize my funeral party)” (Sicília, Itália)

 

Ao perguntarmos para uma pessoa o que ela deseja em sua vida, a resposta pode ser simples – “eu quero comprar uma casa, um carro, quero ter filhos, quero estudar, quero fazer uma viagem incrível…” – ou a resposta pode ser complexa – “eu quero alcançar a felicidade plena, quero descobrir a cura para a AIDS…”. Mas quando eu pergunto: o que você deseja de fato antes de morrer? 

 

Apesar de ser, normalmente, um assunto incômodo, falar sobre nossos desejos antes da morte pode ser uma possibilidade para lançarmos nosso olhar para o que realmente importa – projetos que alimentam a alma. 

 

Candy Chang, em seu processo de luto, após perder uma pessoa muito querida, criou o projeto Before I die na cidade de Nova Orleans. Durante o processo percebeu o quanto evitamos enfrentar a morte. 

 

Candy fez um estêncil caseiro que dizia: “Antes de eu morrer, eu quero _____”, e com a ajuda de velhos e novos amigos ela pintou no lado de uma casa em ruínas, em seu bairro, um painel. Ela escreveu a primeira frase no painel e deixou vários espaços lá para que qualquer pessoa que estivesse passando pela calçada pudesse pegar um pedaço de giz e por um instante parasse para refletir sobre a morte e a vida e compartilhasse suas aspirações pessoais em público.

No dia seguinte, a parede estava repleta de respostas interessantes: "Antes que eu morra, quero … seguir meu sonho de infância; ver minha filha se formar; abandonar todas as inseguranças; recuperar minha esposa; ver meus alunos se tornam professores…”. A parede havia se tornado uma bagunça honesta de saudade, dor, alegria, insegurança, gratidão, medo e admiração que você encontra em todas as comunidades. 

 

Hoje, o mural de Candy, graças a pessoas apaixonadas em todo o mundo, está presente em mais de 4 mil paredes ao redor do mundo, em mais de 75 países e em 36 idiomas.

 

Temos dificuldade em parar e priorizar os nossos reais desejos diante de tantos estímulos inúteis disponíveis na sociedade atual.  Na minha experiência com pessoas em final de vida é surpreendente a simplicidade dos desejos que elas gostariam de realizar antes de morrer. 

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Concordo com Hilda Hilst quando ela diz: “Ah, se as pessoas tivessem noção do transitório, de como é breve tudo isso” – com certeza se tivéssemos esta noção não perderíamos tempo com o insignificante.

 

Por isso, te convido a parar, respirar, ficar em silêncio, pensar e indagar a si mesmo. Minha vida está pautada no imprescindível? Antes de eu morrer, eu quero______?

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