Por que é importante ter modelos de corpos diferentes?

Em qualquer propaganda publicitária – seja de roupas, cosméticos, bebidas alcoólicas ou de qualquer outro produto – existe uma óbvia predominância de um modelo de corpo: o magro. O resultado disso? A criação de um padrão estético, ou seja, a normalização de apenas um tipo físico.

A padronização da magreza pode até ser uma escolha certeira para garantir as vendas das marcas, mas, por outro lado, as consequências disso não são nada positivas.

O padrão de beleza não surgiu da noite para o dia, muito pelo contrário: ele existe desde a Antiguidade e ao longo do tempo, o corpo considerado “perfeito” mudou drasticamente de tamanho e formato. Com o aumento da influência da mídia na sociedade, os corpos perfeitos passaram a ser sinônimo de beleza, sucesso e felicidade.

Como resultado, cria-se a norma social de que a mulher bonita, feliz e bem-sucedida é a mulher branca, alta, de cabelo liso bem cuidado, com dentes perfeitos e as roupas da moda. Além disso, seus seios e os glúteos devem ser alinhados, redondos e empinados, a barriga reta e a cintura fina.

O padrão de beleza é uma forma de violência

Ao contrário do que a mídia apresenta, esse “padrão” não condiz com a realidade das mulheres ao redor do mundo. A diversidade de corpos, cores, cabelos e traços é infinita, e isso não é retratado de forma realista e honesta e, por isso, não é à toa que diversas pesquisas apontam que a maioria esmagadora das mulheres se sentem insatisfeitas com o próprio corpo. Esse padrão é ainda mais cruel quando apresenta características realmente inalcançáveis ao alterar digitalmente as imagens, o que faz com que o “corpo perfeito” seja impossível de se obter.

Isso impulsiona a infelicidade das mulheres com os próprios corpos e as incentiva a embarcarem em reais jornadas obsessivas para se sentirem bonitas – quando na realidade, a beleza não pode ser limitada à padrões estéticos. Atualmente, o Brasil está no topo do ranking de realizações de procedimentos estéticos – cirúrgicos e não-cirúrgicos. A cultura do emagrecimento à todo custo e o padrão “fitness” também contribuem para mulheres insatisfeitas com o próprio corpo.

Os padrões estéticos levam as mulheres a acreditarem que existe um corpo perfeito. Junto dessa crença, vem também o sentimento de inadequação e insatisfação. Além disso, ele desenvolve na sociedade como todo uma rejeição em detrimento dos corpos que fogem do padrão, mesmo entre pessoas que também não estão dentro do padrão.

Os efeitos colaterais disso incluem uma autoestima baixa, problemas psicológicos como ansiedade, depressão, dificuldades para se relacionar e até mesmo o desenvolvimento de doenças graves que podem vir a ser fatais, como os distúrbios alimentares. Diante de tudo isso, nos vemos forçados a questionar: vale mesmo a pena continuar insistindo em um padrão estético que simplesmente não existe e que causa tanto dano às mulheres?

Por que precisamos ter representação de tipos físicos femininos diferentes na mídia?

O feminismo e o discurso de empoderamento exigem que as empresas parem de transmitir a falácia do corpo perfeito e, em resposta, a predominância do padrão de beleza vem diminuindo. Isso parte de uma reivindicação muito simples: as pessoas – em especial as mulheres – querem se sentir representadas e querem também que os corpos sejam retratados como são: bonitos e reais.

Tudo isso, no entanto, partiu da valorização de movimentos políticos, muitas vezes de viés feministas, que passaram a debater sobre o quanto a pressão para atingir os padrões estéticos estavam adoecendo e, muitas vezes, matando mulheres. Movimentos como o body positive e o body neutrality ajudaram a reivindicar a presença de corpos diversos na mídia, e a resposta disso está vindo a cada dia, principalmente no mundo da moda, que passou a ser mais inclusivo com pessoas de corpos não-magros.

A predominância de corpos padrões na mídia está mudando: mais e mais empresas estão entendendo a importância da diversidade em anúncios e no audiovisual. A pressão também aumentou: as mulheres estão passando a exigir que modelos que as representem e que as façam se sentir incluídas e bonitas. No entanto, muita mudança ainda precisa acontecer para que todos os corpos sejam valorizados da forma que merecem: bonitos, dignos de respeito, e acima de tudo, reais.

Fonte: Blog Salon Line

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