Mães narcisistas e filhas codependentes:

Mães narcisistas e filhas codependentes: um ciclo de trauma

Sabrina Thompson

Na maioria das culturas, se não em todas, temos sempre a figura da mãe como um arquétipo nutridor, cuidadoso e que abre mão de si mesma em prol de seus filhos. Nas religiões, a imagem materna aparece ainda mais associada com figuras idealizadas, tais como Virgem Maria, Parvati (na mitologia hindu), Kuan Yin (na China) e por aí vai. Então, como falar de uma relação que foge completamente a esse padrão arquetípico?

Como tocar num mito tão forte como o Amor de mãe?

Sim! Infelizmente nem todas as mães estão imbuídas das melhores intenções, ou mesmo que elas estejam, essas mesmas mães podem estar presas em um padrão de trauma que mesmo sem perceber acabam passando adiante para seus filhos (em especial para as suas filhas), tornando o que conhecemos por trauma hereditário e intergeracional.

É necessário falar sem tabus sobre o conceito da mãe narcisista, e ultimamente a mídia vem dando atenção maior a esse assunto, dando voz a centenas de milhares de filhas que foram subjugadas ou abusadas física ou psicologicamente por suas mães. Ou seja, o conceito de Mãe narcisista; vem finalmente ganhando espaço por meio da coragem de algumas mulheres, outras estão vindo à luz com suas histórias. Dessa forma, um coletivo inteiro começa a despertar. Mas afinal, o que é isso de mãe narcisista? Narcisismo é um conceito muito caro para a psicologia em geral.

É uma importante fase do desenvolvimento e por meio dele formamos nossas identidades. Acontece que, por alguma razão, certas pessoas ficam presas a essa fase e só conseguem pensar nelas mesmas. Nesse sentido, podemos ter mães extremamente vaidosas (com medo de envelhecerem e serem substituídas pela beleza jovial da filha). Essa mãe do exemplo acima pode privar essa filha de cuidados básicos de higiene e saúde, pode competir com a filha, pode envergonhar essa filha em público, com o objetivo de destruir esse objeto de inveja.

Muitas vezes esses atos são encobertos e vêm disfarçados de boas intenções. Na verdade, se a gente for fazer uma avaliação profunda, essa mesma mãe talvez tenha sido negligenciada e provavelmente experimentou traumas muito semelhantes ao que ela faz suas filhas passarem.

Ela simplesmente não sabe se libertar do ciclo de repetição que ela aprendeu e não conhece nada diferente disso. Mas é aquela mãe que sempre estava sofrendo? Fazia tudo girar em torno dela e seus problemas, estava sempre envolvida em um drama diferente e todos só tinham olhos pra ela?

Você me pergunta: “Mas minha mãe sofreu tanto! Será que ela era narcisista?”.

Sim! ela pode ser o que entendemos por Narcisismo Vulnerável”, ou seja, aquela pessoa que sofre tanto, tem sempre tanto drama pra contar, que adivinha o que acontece?

Faz a filha girar em torno dela (além de todo mundo de sua convivência) e para essa filha resta a “negligência”. A filha não tem seus próprios problemas, emoções ou mesmo espaço para se tornar mulher – toda a atenção precisa girar em torno dessa mãe. Isso sem falar de mães que praticam abusos emocionais e físicos, ou mesmo casos extremos de negligência.

Ou seja, sob essa figura superidealizada das mães, encontramos filhas emocionalmente arrasadas, com baixa autoestima e muitas vezes nem mesmo conscientes de que foram abusadas. Pois, veja só, ainda existe aquela modalidade chamada “Narcisismo encoberto” Aquela mãe que parece uma ótima mãe aos olhos dos outros, muito preocupada com as aparências e opiniões alheias, mas que na realidade é uma abusadora encoberta, faz e pratica ações de forma que os outros (e muitas vezes nem a própria filha) não se deem conta.

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Mas Sabrina? Que coisa horrível!

Essas mães são mesmo tão malvadas como as madrastas das histórias dos contos de fadas?Sim e não! Muitas dessas mães também foram negligenciadas, abusadas, vitimizadas pelas suas próprias mães ou figuras de autoridade. Muitas vezes essa mãe está num processo de negação tão grande que ela de fato acha que está fazendo o seu melhor. E não podemos esquecer que uma pessoa que possui um estrutura narcísica nunca irá assumir uma falha! E é justamente isso que complica tudo e faz a filha se questionar de sua sanidade.

Mas será mesmo? Será que foi tão ruim assim?

Chegam ao meu consultório muitas filhas de mães narcisistas que não têm a menor ideia sobre por que estão em relacionamentos abusivos com seus parceiros, por que sentem uma tristeza indescritível, por que não se gostam ou sentem intensa culpa. O primeiro passo, muitas vezes, começa em admitir para si mesma quão difícil foi essa infância e como essa mãe está tão longe do padrão do arquétipo materno vigente em nossa cultura.

Muitas vezes esse padrão de codependência da figura materna vai ser repetido em relações conjugais, amizades ou mesmo relações de trabalho.

Se você se identifica com algum aspecto dessa história, procure saber mais! Leia, peça ajuda e inicie sua jornada de cura.

A cura do feminino ferido é o primeiro passo para uma nova forma de ser e olhar o mundo!

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