Mais que Menino ou Menina , somos pais de crianças.

Mais que menino ou menina, somos pais de crianças.

Se tem uma coisa que todo mundo sabe é que cada mãe (e pai) é um mundo, com suas próprias nuances, vontades e cores. Entre os tradicionais mundos cor-de-rosa e azul, muitas outras corem chegaram e a educação de meninos e meninas tem sido cada vez mais singular, em que a pauta do respeito – sobretudo às pessoas – está bem em voga. A tradicional escolha por brinquedos por gênero ou cor está cada vez mais longe da realidade, apesar de muito presente nas lojas infantis, seja de moda ou de atividades recreativas. O que vale mesmo é brincar de sonhar.

Helena Morgan é mãe de Eric, Liam e Oscar, e Kelly Zocante é mãe de Victória e Zoe. Essas duas brasileiras que moram em Londres e criam os filhos longe do país de origem já perceberam que de nada adianta tentar encaixar as crianças em caixas comportamentais que separam meninos e meninas. Nos tempos de hoje, as crianças e também os pais têm mais liberdade de expressar suas próprias verdades e exercê-las conforme acharem melhor. E se o melhor, para as meninas, for brincar de astronauta, estão todas liberadas para exercer o que mais importa: uma infância feliz.

Com mais de 15 anos morando fora do Brasil, Helena teve os três meninos em Londres, e todos têm menos de 5 anos de idade. Para ela, foi difícil saber que o primeiro bebê era um menino. Mas logo depois que o pequeno nasceu, percebeu que nada disso importa, senão o amor. “Sou apaixonada pelos meus meninos.”

Sobre a educação deles, ela é muito clara: “Acho que a única diferença é só a anatomia. Não vejo por que temos que criá-los de maneiras diferentes por causa do gênero. Crio meus filhos para serem boas pessoas, educadas, que respeitem o próximo e sejam felizes. Penso que se tivesse uma menina a criaria da mesma forma”, comenta.

Já para a secretária Kelly Zocante, mãe de meninas de 6 anos e de 1 ano e meio, alguns tópicos de educação precisam de um pouquinho mais de atenção, como sentar de pernas fechadas, por exemplo. Ela, que chegou em Londres em 2009, acredita também que as meninas podem ser mais enfeitadas. Mas, de resto, todas as brincadeiras são para os dois gêneros: “A decisão é delas”.

Helena encara numa boa quando os meninos pedem algo que possa denotar estranheza para alguns amigos. Ela conta que certo dia uma das crianças pediu o vestido da Frozen. “Fui lá e comprei. Gostou tanto que até dormia com ele. Ele não via isso como ‘roupa de menina’, mas como uma roupa como outra qualquer, como a brincadeira daquele momento. Nós temos uma cozinha de brinquedo em casa e eles adoram! Ficam horas brincando lá. É apenas mais um brinquedo.” Nesse quesito, Kelly prefere incentivar hábitos mais femininos nas garotas: “Se eu puder opinar, prefiro colocar elas no balé, assim como colocaria os meninos no judô. Mas se um dia uma das minhas filhas disser que quer aprender a jogar futebol, vou apoiar. A decisão é delas e só quero ajudá-las a encontrar felicidade”.

Em casa, os hábitos se tornam muito fortes para a educação dessas crianças. Na casa de Helena, todas as tarefas são divididas entre o casal, e “quando eles chegam com crenças sobre ‘meninos isso, meninas aquilo’, desconstruímos na hora e mostramos que não é bem assim”. Na casa da Kelly, as meninas se espelham na mãe, que trata de ser bem feminina e incentiva isso nas duas. “A Victória é uma lady bem educada, fala baixo, superinteligente e bem feminina. A pequena Zoe ainda não escolhe as roupas, mas pega meus saltos para andar pela casa. Acredito que elas percebem a minha postura e tentam copiar.”

Seja como for a escolha dos pais, o que importa mesmo é que as crianças recebam afeto suficiente durante a infância para que cresçam sentindo que são apoiadas e amadas pelos pais, além, claro, de um ambiente repleto de respeito entre a família. Isso vai trazer para elas muito mais equilíbrio emocional e a identificação com escolhas cada vez mais conscientes e condizentes com uma realidade feliz.

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