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O que é e como acontece o gaslighting

Sutil, mas nem por isso menos prejudicial, a violência psicológica pode fazer muitas mulheres questionarem suas próprias convicções e saúde mental.

Às vezes muito difícil de identificar, esse tipo de violência pode estar nos pequenos detalhes e em uma relação pautada em chantagem emocional e dependência, fazendo com que as vítimas sejam incapazes de sair da situação e, muitas vezes, ouvirem frases como “você está imaginando coisas” ou “você está louca”.

Se você identifica esse comportamento ou alguém que esteja nessa dinâmica em algum relacionamento, saiba que isso tem um nome: gaslighting.

O que é o gaslighting?

O gaslighting é um tipo de abuso que atinge principalmente mulheres de maneira sutil e manipuladora, em que o agressor desgasta a autoestima e confiança da vítima a ponto de anulá-la, deixando-a cheia de dúvidas e medos.

O agressor distorce, omite ou cria informações fazendo com que sua vítima duvide dos seus sentimentos, capacidade e até da sua sanidade. A manipulação emocional é focada em desvalorizar e diminuir a outra pessoa, fazendo com que ela ache que sempre está errada e sua dor é menor.

É um abuso psicológico perverso, contínuo e repetitivo, que gera muitas dúvidas e confusão, fazendo com que a mulher se sinta culpada das condutas violentas do abusador e das coisas que acontecem à sua volta.

Origem do termo gaslighting

O termo gaslighting tem origem no filme “Gaslighting” (À Meia-Luz), de 1944, uma adaptação de uma peça de teatro de 1938. Na obra, estrelada por Ingrid Bergman e Charles Boyer, o marido tenta convencer a esposa e as pessoas do convívio deles de que ela é louca, através da manipulação, sempre insistindo que ela está errada e que não lembra das coisas direito.

Um dos abusos acontecia quando as lâmpadas da casa dos personagens, que são alimentadas a gás (daí que vem o nome do filme), piscam e o marido faz a mulher acreditar que isso não está acontecendo e ela está imaginando, fazendo com que ela duvide da própria sanidade.

Embora o longa seja da década de 1940, só em 1960 que o termo gaslighting passou a ser difundido pela psicologia para designar esse abuso psicológico.

Como identificar o gaslighting?

Como não há agressões físicas, muitas vezes, é difícil que a vítima identifique e entenda a violência que está sofrendo, impossibilitando, inclusive, a denúncia. Mas algumas atitudes são comuns nesse tipo de violência:

  • Recusar-se a ouvir as preocupações alheias ou fingir não compreendê-las: “Não tenho tempo para ouvir essas bobagens”.

  • Questionar a memória da vítima para negar eventos: “Você nunca se lembra de nada direito”.

  • Fingir esquecer situações para desacreditar a vítima: “Do que você está falando? Eu não prometi isso”.

  • Mudar de assunto para desviar a atenção da vítima: “Você voltou a falar com sua irmã? Ela sempre coloca ideias bobas na sua cabeça”.

  • Dizer que a vítima está exagerando diante de comportamento nocivo: “Você é tão sensível”.

Gaslighting em outras relações

De forma geral, as mulheres são vítimas do gaslighting em relacionamentos amorosos, mas isso não é exclusividade. Infelizmente, o gaslighting pode aparecer em outros tipos de relações, como na convivência familiar, no ambiente de trabalho e até nas amizades.

Embora nas amizades o impacto possa ser menor, no ambiente familiar, em que pais manipulam os filhos, os efeitos podem perdurar durante toda a vida, tornado a pessoa um adulto inseguro, podendo, inclusive, fazer com que ele desenvolva algumas síndromes ou um quadro depressivo.

Além disso, esse abuso não é particular de um gênero, também podendo acometer homens.

Como se defender do gaslighting

Se você está sendo vítima de gaslighting ou conhece alguém que está sofrendo essa violência emocional, algumas atitudes são importantes para tentar sair desse cenário.

  • Não assumir a responsabilidade pelas ações de outra pessoa.

  • Lembrar-se, sempre, da sua verdade.

  • Não discutir nos termos da outra pessoa.

  • Priorizar a sua segurança.

  • Lembrar-se de que você não está sozinha.

Fonte: Blog Salon Line