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Magreza x saúde: será que o emagrecer é sempre saudável?

Em um mundo onde padrões de beleza glorificam um corpo esbelto, a noção de que ser magra se traduz automaticamente em ser saudável está integrada em nosso inconsciente. De todos os lados, somos bombardeados por corpos esguios, sejam de modelos, estrelas de cinema ou televisão, personalidades públicas ou, mais recentemente, influenciadores, que para nós, são apresentadas como o auge da beleza, saúde e sucesso. Mas por trás de tudo isso, ainda existe a questão: ser magro é o mesmo que ser saudável?

Não dá para negar que, historicamente, nossas relações com o peso corporal e saúde são complexas e, principalmente, cercadas de preconceitos e desinformação a serviço da beleza. Em tempos muito antigos, a imagem da mulher ideal envolvia curvas e bastante volume, hoje, vemos algo totalmente oposto nas capas de revistas. Então, como interpretar o aumento cada vez mais alarmante de dietas, técnicas de emagrecimento e, ainda, procedimentos estéticos para remover gorduras e até mesmo simular uma magreza inexistente?

Antes de tudo, é preciso entender que a discussão sobre magreza e saúde, apesar de atravessar as escolhas pessoais e a autoimagem, também tem muito a ver com construções sociais do que é belo e aceitável. Vamos conversar sobre magreza e saúde?

Ser magro é ser saudável?

Manter o peso, em equilíbrio com a sua altura e biotipo, é importante para a saúde. No entanto, há diversas variáveis quando o assunto é definir se uma pessoa está ou não saudável. Não podemos dizer que ser gordo é estar com a saúde em risco, e muito menos assumir que magreza significa estar em boa-forma, sem problemas de saúde que mereçam atenção. 

A saúde é um conceito complexo, influenciada por diversos fatores, incluindo o equilíbrio físico, mental e emocional. O próprio peso corporal varia conforme a composição corporal, genética, estilo de vida, percentual de gordura e músculos, e por aí vai. Por conta disso, considerar apenas o peso corporal como indicativo de saúde e boa-forma não é prudente, de acordo com diversos especialistas da área médica. 

No entanto, em uma rápida busca pela internet pela palavra “saudável”, você não verá nenhuma gordura aparente, barriga grande, celulite ou flacidez. A concepção de pessoa saudável sempre foi sinônimo de magreza e, com isso, criou-se uma noção de que pessoas gordas, ou simplesmente fora do padrão magro, são doentes.

O que explica esse fenômeno é justamente a gordofobia e a obsessão da sociedade por um corpo perfeito, que se disfarça de preocupação com a saúde de pessoas gordas e fora do padrão. Quando falamos de saúde individual, não há regras, afinal, cada pessoa é única, e na hora de cuidar do seu bem-estar, você precisa seguir as recomendações de profissionais que conheçam e respeitem suas variações individuais. 

E estar acima do peso é sempre ruim?

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a obesidade, doença crônica causada pelo excesso de peso ou de gordura, está diretamente relacionada ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas, incluindo diabetes e hipertensão, o aumento do risco de câncer, e também com problemas de ordem emocional e mental. 

No entanto, é importante notar que a pressão estética não considera que, da mesma forma em que a obesidade pode causar riscos à saúde, a magreza excessiva e falta de nutrientes também pode ser prejudicial. A própria OMS também reconhece o perigo que a obsessão pela perda de peso e pela magreza podem causar na saúde: um estudo publicado pela revista científica JAMA Pedriatrics mostra que 30% das meninas do mundo, na faixa de 6 a 18 anos, sofrem com algum tipo de transtorno alimentar.

Magreza e saúde: como rever essa relação?

Quando falamos sobre magreza e saúde, é importante notar que falamos de diversos problemas que promovem uma percepção falsa, de que ser magro é sinônimo de ser saudável, e de que ser gordo ou fora do padrão esbelto é estar com a saúde comprometida. A desinformação sobre a saúde também desempenha um papel perigoso, assim como profissionais que não estão comprometidos com a inclusão e diversidade. 

Já a glorificação de um padrão de beleza, o magro, contribui para uma sociedade gordofóbica, que, em contrapartida, associa corpos gordos a doentes, dignos de pena, exclusão e que precisam emagrecer para se encaixarem. É preciso rever essa relação para criar uma perspectiva mais inclusiva e positiva sobre nossos corpos, afinal, todo mundo sofre com essa busca inalcançável pela perfeição.

Não existe uma regra geral sobre a saúde, apenas recomendações gerais que precisam ser seguidas não à risca, mas conforme as suas necessidades. É importante saber que a saúde vem de dentro para fora, e levar um estilo de vida saudável é muito mais sobre cuidar do seu corpo e mente, do que ter um corpo parecido com as modelos das capas de revista ou do seu feed das redes sociais.



Fonte: Blog Salon Line

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