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Veganismo e vegetarianismo, dietas da moda?

Veganismo e vegetarianismo, dietas da moda?

Carolina Capellari Simon Nutricionista

O veganismo tem ganho muitos adeptos no mundo inteiro, o que a meu ver é incrível do ponto de vista ambiental e ético – porém sempre é necessário alertar as pessoas sobre as adequações em termos de consumo de nutrientes. A maioria das pessoas decide ser vegetariana para evitar a morte de animais, que consideram ser desnecessária, mas também há quem opte por esse tipo de alimentação devido a problemas de saúde, crenças religiosas ou espirituais, entre outros motivos.

Importante ressaltar que ser vegetariano não é o mesmo que ser vegan. Sendo duas dietas parecidas, uma é mais restrita do que a outra, sendo a vegan mais restrita em termos de dieta e produtos de origem animal não alimentares. Muitas pessoas têm um conceito de que nutricionistas em geral não gostam de prescrever dietas sem proteína animal, porém é sempre importante ressaltar que o profissional nutricionista precisa respeitar as escolhas éticas, religiosas, culturais e econômicas desse paciente e buscar a melhor solução em termos de alimentação, sem julgamento e sem expor sua opinião sobre o assunto, pois de fato ela não é relevante.

Nunca podemos deixar de alertar sobre as questões nutricionais envolvidas – vendo por este ponto de vista, a ingestão de proteínas nas dietas veganas é reduzida, o que pode levar ao aumento do consumo de carboidratos em forma de compensação energética (o corpo necessita de mais energia e o paciente acaba comendo mais carboidratos). Alguns estudos relacionam também a dieta vegana com aumento de gordura corporal e peso, justamente devido ao consumo menor em proteína e aos desajustes no consumo de nutrientes.

A proteína tem papel de reparação e construção de tecidos do corpo, não apenas dos músculos, mas de todo organismo de maneira geral. A proteína tem ação termogênica (utiliza mais energia para sua absorção) e a redução do seu consumo pode, sim, mudar a composição do corpo (aumento de gordura e redução da massa magra).

Como evitar isso?

A resposta é simples e óbvia: consulte uma nutricionista. O paciente que quer excluir qualquer nutriente da sua dieta precisa de ajuda, pois pode acabar prejudicando seu estado nutricional. O assunto fica mais sério quando se trata de crianças e adolescentes (0-18 anos), nessas fases da vida a necessidade de energia e nutrientes é aumentada, pois o corpo está em desenvolvimento.

Qualquer restrição nessa fase pode comprometer não apenas o crescimento, mas o desenvolvimento neurológico, causando prejuízos irreversíveis. No caso de crianças e adolescentes é imprescindível que se busque a ajuda de uma nutricionista especializada em Nutrição Infantil.

Ser vegano ou vegetariano pode ser sensacional, uma dieta sem produtos de origem animal bem planejada pode reduzir os riscos de doenças cardiovasculares, vários tipos de câncer, aumentar qualidade de vida, promover perda de peso, porém repito: ela precisa ser feita por nutricionista.

Adotar um estilo de vida vegano ou vegetariano não é moda, é uma atitude incrível e louvável, mas precisa de orientação e suporte como qualquer mudança de estilo de vida.

Referências Instituto Brasileiro de Opinião Pública. IBOPE 2012: 15,2 milhões de brasileiros são vegetarianos. São Paulo: Ibope; 2012 Ruby MB. Vegetarianism: A blossoming field of study. Appetite. 2012;1(58):141-50. Sabaté J, Wien M.

A perspective on vegetarian dietary patterns and risk of metabolic syndrome. Br J Nutr. 2015;113(S2):S136-43. Abonizio J. Conflitos à mesa: vegetarianos, consumo e identidade. Rev Bras Ciênc Soc. 2016;31(90):115. https://www.eatright.org/

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