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Como a Arte ajuda no desenvolvimento de uma criança?

Como a Arte ajuda no desenvolvimento de uma criança?

Magda Lizbir Gomes Terapeuta Holística 

A arte é uma ferramenta fundamental para que a criança faça uma leitura da realidade e de si mesma. Por esse motivo, o contato com as mais diversas manifestações artísticas desenvolve características como senso crítico, sensibilidade e criatividade.

Existe muito poder didático em tudo que é artístico. As atividades de arte estimulam as crianças a encarar o mundo de formas diferentes e promovem o desenvolvimento de habilidades como coordenação motora, imaginação, planejamento e compreensão do que está ao seu redor. 

Além disso, as atividades de arte têm um valor importante na hora de começar a ensinar as cores, a relação visual, ilusões de ótica e identificação de objetos distantes. No desenvolvimento físico, manifestações artísticas como a dança e o teatro dão boa consciência corporal e aprimoramento motor, além de auxiliarem na noção espacial.

No caso da pintura, a coordenação motora fina vai evoluindo aos poucos, bem como a capacidade de distinguir e fazer escolhas de materiais, técnicas, texturas e formas. Além dessa dimensão, os aspectos social e cognitivo são muito importantes. A arte é uma ferramenta fundamental para que a criança faça uma leitura da realidade e de si mesma.

Por esse motivo, o contato com as mais diversas manifestações artísticas desenvolve características como senso crítico, sensibilidade e criatividade. Como um poderoso trabalho educativo, o ensino da arte procura, por meio de inclinações individuais, amadurecer a formação do gosto pela arte, desenvolver a inteligência e contribuir para a personalidade em formação.

Essa inteligência desenvolvida ultrapassa os aspectos estéticos, englobando também os emocionais e até mesmo a inteligência racional, que é mensurada pelo teste de QI. Como grande parte das proposições de atividades artísticas acontece em grupo, os pequenos acabam ganhando capacidade para trabalhar coletivamente.

Como consequência, também aprendem a valorizar a diversidade e a respeitar as diferenças. Isso porque a criança, em contato com as obras de vários artistas de correntes diversas, perceberá que não há uma maneira certa ou errada de pintar, de fazer uma colagem, de combinar notas musicais.

Os benefícios para o aspecto afetivo, aliás, são muitos. Por meio da arte, os pequenos podem reconhecer, expressar e gerenciar seus sentimentos e impulsos. É possível entender que as artes são linguagens diferenciadas que complementam a linguagem verbal. Por todos esses motivos, o papel da arte se amplia e vai até a função de avaliação de desenvolvimento da criança.

Esse é, aliás, um dos instrumentos mais potentes: se, em outros métodos, a criança consegue prever o que se espera dela e agir de acordo com a avaliação, na arte, por ser mais livre e estimular diferentes maneiras de olhar para a mesma coisa, as ações são bem sinceras e podem desvendar significados profundos. Por meio da arte, é possível avaliar o grau de desenvolvimento mental dos pequenos, entender suas predisposições e sentimentos, inclusive suas queixas. É

possível ter pistas de como essa criança compreende a si mesma e sua realidade, perceber o quanto ela oferece de capacidade criadora e imaginação. Potenciais problemas afetivos, de cognição e de habilidades motoras são facilmente percebidos. Mesmo antes de aprender a ler e a escrever, uma criança naturalmente reage de forma positiva aos estímulos artísticos – é uma criadora em potencial.

Por isso, antes mesmo que se possa perceber alguma dificuldade em alfabetização, por exemplo, a arte fornece pistas para desafios na linguagem e mostra peculiaridades cognitivas, afetivas e relacionadas à capacidade física (visão, audição).  Percebemos, então, que o contato precoce com as artes é extremamente positivo. É preciso, porém, que a abordagem em relação à arte observe as peculiaridades da faixa etária e do grau de desenvolvimento da criança.

O pensamento, a capacidade imaginativa, a percepção, a habilidade intuitiva, a sensibilidade e a cognição devem ser trabalhados de forma integrada e interdisciplinar na casa e na escola.  Para o psicólogo suíço Jean Piaget, “não se aprende a experimentar senão tateando por si mesmo, trabalhando ativamente, isto é, livremente e dispondo de todo o tempo”.

Sendo assim, o uso de materiais como tinta, papéis, caixas, cartolina grande, lápis/giz, lã, etc. é essencial nesse processo de experimentação artística para o desenvolvimento cognitivo da criança no âmbito de livre expressão.  Pais e professores precisam se conscientizar de que apenas o conhecimento formal não basta. Precisamos dessa associação entre o formal e o criativo.

Também apenas a escola não basta, precisamos de uma intensa relação entre ambos. 

Fontes: 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 39. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009. OSTROWER, Fayga.

Criatividade e processos de criação. 30a ed. Petrópolis: Vozes, 2014.  SACCOMANI, Maria. A criatividade na arte e na educação escolar:

Uma contribuição à pedagogia histórica. Crítica à luz de Georg Lukács e Lev Vigotski. Campinas, SP: Autores associados, 2016.

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