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Sem T, não há inclusão LGBT

Sem T, não há inclusão LGBT

Maitê Schneider

 

O assunto mais na moda atualmente quando se fala em termos de universo corporativo é o tema diversidade. Falam de diversidade e inclusão. Eu falo de inclusão DA diversidade. Pois inclusão e diversidade são terminologias bem distintas. Recordo um grande amigo meu que diz: “Diversidade é chamar para o baile. Inclusão é convidar para dançar”.

 

E o que vejo é muita gente convidando para bailes e festas organizadas por milionários comitês de diversidade e grupos de afinidades, mas raros os que convidam a diversidade a dançar. Fica a diversidade olhando esta festa toda, e são lembrados para tirar uma foto, vez ou outra. 

 

Lembra do Cazuza? “Não me convidaram para esta festa pobre, que os homens armaram para me convencer.... (etc., etc., etc.)” . Pois é, e várias festas que vejo não estão me convencendo.

 

Piores ainda ficam estes ambientes que se dizem inclusivos, que ganham prêmios e mais prêmios e se dizem LGBT. O que vejo? A maioria de gays brancos, cisgêneros e que parecem que frequentam até a mesma barbearia. Raras mulheres lésbicas. Bissexuais quase não aparecem. E profissionais transgêneros raramente, muito raramente mesmo, estão sendo contratados.

 

O motivo que dizem ser inclusivos? Dá retorno midiático, fica-se bem na fita, aumenta-se a responsabilidade social e a marca agrega muito valor (e dinheiro). 

 

Mas ser inclusivo de fato, é ser mais que isto. É mais que dar festas, fazer cartilhas, chamar CEO para assinar termos e pactos com a comunidade e pintar tudo com as cores do arco-íris. 

 

Ser inclusivo é entender que diversidade somos todos, e que esta é nossa maior igualdade. Ser inclusivo é perceber que mais do que tratar com igualdade, devemos tratar com equidade as questões da diversidade. Ser inclusivo não é só ter amigos gays e não ser homofóbico, é lutar também contra a homofobia no seu cotidiano. Ser inclusivo não é conhecer uma pessoa trans e não ser transfóbico, é lutar contra a transfobia. Ser inclusivo é perceber que este país é constituído na sua maioria de mulheres, negros e pobres. E que toda ação de inclusão real tem que ser feita levando isto seriamente em conta.

 

Sei que pode parecer complexo. Mas tomar consciência de que você não é inclusivo é um ótimo novo início. E como sugestão, parar de dizer que faz inclusão LGBT sem ter pessoas transgêneras. Fale, quando muito, fazer inclusão GLB (bem nesta ordem), tudo bem? 

 

Para começar a contratar profissionais transgêneros, procure a TransEmpregos. Nosso trabalho é totalmente gratuito. Vamos realmente fazer esta real inclusão. 

 

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