Adriana Chiari Magazine

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Orgasmo – Um Tabu Sexual

Recentemente, tivemos a comprovação científica que faz com que definitivamente muitos tabus caiam por terra: a mulher é multiorgástica. Isso significa que o imaginário sobre os orgasmos múltiplos se confirma. Ao mesmo tempo, o orgasmo feminino segue como um tabu e tanto em muitos lugares mundo afora.

Como podemos pensar a coexistência de realidades tão distintas?

O orgasmo para homens e mulheres têm funções muito diferentes: para os homens, ele é fundamental para a reprodução, para as mulheres, indiferente. Uma mulher pode engravidar sem ter um orgasmo, já as probabilidades de um homem engravidar uma mulher sem atingir o clímax são muito menores – mas também não impossíveis, não sejam surpreendidos por uma gravidez improvável!

Esse fato pode ser uma das muitas explicações para as diferentes percepções de orgasmo entre gêneros ao longo da história e o clássico descaso da sociedade patriarcal quanto ao prazer feminino, mas esse estigma vem mudando e a comprovação dos orgasmos múltiplos é mais um dos eventos que contribuem para a desconstrução de mais esse tabu: o orgasmo feminino.

Já comentamos sobre alguns dos tabus que impedem os casais de chegarem ao clímax em sexo sem orgasmo e como fingir orgasmos é um hábito para muitas mulheres – e também muitos homens. Sim, homens fingem orgasmos, acredite se quiser!

Para evitar que essa continue sendo a realidade da sexualidade mundial, falaremos um pouco mais sobre o orgasmo de todos nós na torcida de que essa leitura estimule você a ter uma relação mais prazerosa e agradável com a sua própria sexualidade.

Como ter orgasmos?

Não existe fórmula mágica e gatilhos certeiros para serem usados na busca por um orgasmo. O prazer sexual é muito subjetivo e exige autoconhecimento e muuuuita prática! Mas há alguns caminhos que podem te ajudar a encontrar suas próprias fontes de prazer. Vamos a elas:

Clitóris e Prazer

A estimulação do clitóris é o caminho mais clássico para um bom orgasmo feminino. Disso, todo mundo já sabe. Mas você realmente conhece o clitóris?

Clitóris é aquela pontinha que fica entre os lábios vaginais, certo? Errado. Essa é apenas a glande do clitóris. Há ainda o bulbo, o corpo cavernoso, a raiz e o tecido erétil. Algumas das variações de orgasmo conhecidas são inclusive orgasmos clitorianos, porém com estímulos em diferentes partes do clitóris que não apenas na glande.

Pode-se dizer até que o clitóris tem algumas similaridades com o pênis: seu tamanho total é semelhante ao de um pênis em repouso – cerca de 09cm (esse é sim o tamanho médio do genital masculino, aceitem); é formado por tecido erétil que se enche de sangue quando excitado, aumentando seu tamanho e endurecendo; as raízes clitorianas mudam de direção quando em repouso (direcionadas para as coxas) e quando eretas (direcionadas para a coluna); a depender da anatomia de cada mulher, a glande fica mais ou menos protegida (ou escondida) pelo prepúcio do clitóris, assim como o pênis pelo prepúcio peniano.

Como consequência da história e da relação da humanidade com a sexualidade feminina, o clitóris é ainda uma descoberta recente. A anatomia clitoriana começou a ser plenamente estudada apenas em 2009, o que explica a tamanha desinformação sobre o órgão e isso rende um texto completo, mas por ora, temos informação suficiente no que tange o presente texto e você já sabe que há muito a se descobrir e sentir através do clitóris.

Múltiplas Fontes de Prazer

Outro tabu bem enraizado na sociedade é de que o prazer sexual está restrito aos órgãos sexuais – o que é uma tremenda balela. Explorar o próprio corpo e também o corpo do parceiro é fundamental para se atingir o máximo do prazer, apesar de ser um hábito muito vinculado à liberdade sexual.

O prazer e o sexo como um todo têm uma intensa conexão com o mental. Já falamos inúmeras vezes sobre isso. Apesar de toda a falácia sobre ponto G, ponto A e pontuações corporais diversas, a verdade é que o orgasmo pode vir sem nem um toque ter sido feito, apenas com uma conexão bem estabelecida (e não a de internet!), uma conversa mais intensa, olhares bem direcionados.. o tesão vai muito além do sexo.

Não à toa existem tantos tipos de orgasmos – clitoriano, vaginal, combinado, múltiplos, anal, cervical (sim!) e até em meio a sonhos (quem nunca acordou gozando?). A descrição de cada um deles é também tema para um texto completo, mas você já entendeu a mensagem!

Buscar diferentes interações sexuais, conhecer o próprio corpo, descobrir o corpo do parceire e estar sempre aberto para falar, ler, ouvir e imaginar o sexo é uma dica e tanto para ter uma vida sexual muito mais ativa e prazerosa!

Sexologia

Sabia que existe uma ciência dedicada a conhecer e explorar as muitas facetas da sexualidade humana? Pois é. Claro que não estamos falando para você virar um expert do sexo, mas sim entender como a sexualidade é um campo muito vasto e mais complexo do que parece.

Atentar-se para as diferentes facetas da vida que influenciam nosso comportamento sexual e desencadeiam os desejos e gatilhos que nos levam a fazer sexo é determinante para tomar o controle da situação e virar o jogo a seu favor invés de sucumbir ao instinto. Para isso, não é preciso mergulhar em teorias e artigos da área, mas sim abrir a cabeça para se interessar pelo assunto sem pré-conceitos – ler, pesquisar, debater o sexo com naturalidade trará um olhar completamente novo sobre a sua sexualidade e fará com que seja muito mais fácil você identificar as sensações que gosta ou não na hora H e criar um ambiente propício e saudável para a vivência da sexualidade plena.

Já citamos a literatura erótica como exemplo de prática saudável a se adotar com grande potencial de transformar a sua relação com o sexo. Há ainda muitas outras, mas a mensagem principal é: abra a mente para criar um novo olhar sobre o sexo. Ele é muito mais que apenas uma necessidade básica ou um caminho para a reprodução da espécie. Permita que ele faça parte da sua vida!

Fonte: Blog Motel Tarot

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