O poder das narrativas: o que histórias têm a ver com empreendedorismo?

O poder das narrativas: o que histórias têm a ver com empreendedorismo?

Saiba como as histórias compartilhadas influenciam o jeito como você empreende
 
Por Michele Oliveira*

 

Sabia que a sua forma de empreender está relacionada, e muito, às histórias que ouve desde criança? Bem, se você, alguma vez, contou uma história a um(a) sobrinho(a), filha(o), filha(o) de amiga, sabe que eles pedem para ouvir a mesma, várias e várias vezes. Isso porque enquanto a história tem algo a acrescentar o encantamento permanece. Ouvir e compartilhar histórias é a nossa forma de aprender sobre as complexas formas de ser humano e são elas que ajudam a dar sentido ao que fazemos ao longo da vida.
 

Você já se perguntou por que a sua vida se parece tanto com a das pessoas ao redor? Trabalho, casa, levar filhos para escola, tirar férias – viajar para o exterior ou ir pra praia todo fim de ano – , querer comprar um carro, um lugar para morar? Bem, nossas vidas se parecem porque compartilhamos valores e ambições semelhantes, que vêm das histórias. Elas são as lentes pelas quais enxergamos o mundo.
 

E quando alguém ousa fazer diferente –  vende o carro e repensa a mobilidade; passa a consumir menos; vai menos ao shopping; quer plantar a própria comida; pede demissão e busca seguir os impulsos da alma – essa pessoa é olhada com uma certa desconfiança. Será que enlouqueceu? Enlouqueceu mesmo ou é uma tentativa de viver conforme as próprias escolhas, experimentar da liberdade e de escrever uma história diferente, com valores que façam sentido para ela?
 

Estar consciente quanto a por que fazemos o que fazemos e escolhemos o que escolhemos é o que diferencia estar ou não acordado para o poder das narrativas nas nossas vidas. De forma invisível, há fios condutores que atuam sobre nós como a movimentar marionetes.
 

Algumas dessas histórias poderosas:
 

Religiosas – Aspectos relacionados à culpa, ao patriarcalismo, à aceitação de uma unidade inalcançável de poder, que acabou influenciando a organização de grandes empresas pelo mundo.
 

A Grande Máquina – Vinda da Revolução Industrial, essa história nos levou a agir como engrenagens de uma grande máquina – no trabalho, em casa –, a usar a natureza sem cuidado, a perder significado no que fazemos, a tornar as relações mais competitivas e menos colaborativas.
 

Dinheiro Sagrado – Você já se perguntou o quanto das suas escolhas se baseiam em questões financeiras? Do trabalhar pelo dinheiro, para conseguir comprar bens materiais, pagar educação. Vivemos numa sociedade de trocas baseadas em dinheiro.
 

E o que isso tem a ver com você? Como empreendedora, saber das forças por trás da nossa forma de fazer negócios é essencial. Podemos escolher modelos mais em linha com o chamado Capitalismo Consciente – de cuidado e respeito com pessoas e natureza – ou seguir o Business As Usual, e reproduzir fórmulas que nos levaram ao momento atual. De desigualdade social crescente, de insegurança, de natureza pedindo socorro, de relações efêmeras e a sensação eterna de não termos tempo. Tem um escritor que é essencial para quem reflete sobre Novas Narrativas, David Kortem. Ele diz o seguinte: “Quando contamos uma história errada, alcançamos um futuro errado”. Faz sentido?
 

Então, na hora de empreender, talvez o primeiro passo seja se perguntar: “Qual futuro desejo ajudar a construir”, e começar a caminhar para ele. O que significa empreender com uma nova consciência. Quer um exemplo e vindo de mulheres? A empresa de cosmético naturais Almanati, de Campinas, vencedora da edição 2018 do Prêmio EcoEra (analisa os mercados de moda, beleza e design com indicadores de sustentabilidade). A Almanati se orgulha de construir relações mais justas, alegres e de cuidado com as gerações futuras, e com essa essência escolhe os fornecedores, as matérias-primas dos cosméticos 100%  naturais e das embalagens. Vale a pena dar uma olhada.
 

Novas histórias, para ganhar asas, precisam de verdade. E o seu jeito de fazer negócios pode inspirar outras pessoas a empreender diferente e a construir um futuro do qual nos orgulhemos. Cuidemos das nossas histórias, desde crianças.
 

* Michele Oliveira é construtora de Novas Narrativas.
Depois de um longo voo seguro, um ousado mudou a rota. E de narrativas para televisão – 14 anos contando histórias na Rede Globo, Record e revistas como a da Tam e Estilo – , voou até a Inglaterra para dar asas à alma no Schumacher College, colégio de vanguarda em sustentabilidade no mundo. Passou a auxiliar organizações a regenerar suas histórias, a preparar equipes e lideranças para comunicados desafiadores. Ouviu e contemplou a partir de uma presença que o Mindfulness a inspirou. Acredita nas narrativas construídas a partir de escolhas verdadeiras e no poder das palavras para transformar. Da Permacultura vieram as lentes de uma nova ética que auxilia a construir as Novas Narrativas para a humanidade. São as histórias compartilhadas que nos dão força para agir. É voadora idealizada do projeto 
Histórias com Asas.  Acredita que podemos mudar o futuro se mudarmos as narrativas. Um convite para voar novas formas de viver e de se relacionar. 

 

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